PRAIA DA PIPA - ENERGIA E ALTO ASTRAL
- Leidy Indicatti
- 21 de mai. de 2021
- 7 min de leitura

Ao final de 20 dias percorrendo 4 estados nordestinos, imaginem a minha felicidade em ficar surpresa com o último destino. Depois do mar caribenho do Alagoas, da avalanche cultural do Pernambuco e da paz e sustentabilidade da Paraíba, eu pensei que nada mais iria me surpreender.
Quando cruzamos a fronteira para o Rio Grande do Norte eu só pensava em o quanto estava cansada e, como boa canceriana, com saudades de uma rotina diária. Afinal, tivemos que correr bastante para conhecer todos os pontos que queríamos, fazer as visitações nas pousadas e hotéis de nosso interesse e ainda trabalhar nas questões da agência e dos nossos passageiros que estavam em viagem ou organizando suas férias em 2021.
O que quero dizer é que esqueci de absolutamente tudo quando cheguei à Praia da Pipa.
Eu havia estado ali há alguns anos, em um bate-volta de Natal. Aqueles tours horrendos, do turismo massivo, que faz a gente chegar ali e já ter que voltar. Não recomendo para ninguém!
Se quiseres conhecer a Pipa, vá e fique! É um lugar de essência e em apenas uma tarde você não vai conseguir absorver tudo que a Pipa tem para te dar.
Com algumas semelhanças com a Praia do Rosa, no Sul do Brasil ou até mesmo Itacaré, na Bahia, a Praia da Pipa tem características bem peculiares. A região do litoral de Tibau do Sul (o município) é composta por praias, muitas falésias e, o que mais pode-se notar na Pipa, é sua pluralidade no que diz respeito a seus moradores. Você encontrará aqui muitas pessoas de Natal, Recife e Fortaleza. Mas também muitos estrangeiros que abandonaram a Argentina, Portugal e até mesmos a Espanha ou a Alemanha para morar e tentar a vida aqui. E essa mistura é o que talvez seja o grande diferencial desse lugar.
Com várias praias lindas, diferentes e bem cuidadas para você percorrer durante o dia, aqui há também uma noite muito animada. Um centrinho repleto de lojas, bares e restaurantes para todos os bolsos e estilos.
A gastronomia me deixou encantada, pois cada pequena rua escondia um local super legal com um bar ou restaurante com pratos que deveriam ser provados. Resumo da ópera: é um local que você pode tranquilamente uma semana desbravando. Em função disso, aqui você também não vai encontrar grandes hotéis e resorts com all inclusive. Aliás, aqui é o lugar ideal para reservar uma pousada apenas com café da manhã. Há pousadas suuuuper charmosas com mais infra estrutura (como jardim e piscina), mas há também pousadas mais simples e baratas que oferecem o básico. O ideal é ter um carro para se locomover para as praias mais afastadas mas, se preferir não dirigir também não há problema algum. Basta se hospedar nas proximidades da rua principal para poder sair a pé de noite.

Esta rua principal se chama Av. dos Golfinhos. À direita, há restaurantes e lojas mais simples e, à esquerda, o burburinho mais badalado com restaurantes e lojas com uma pegada mais fancy. Aliás, existe uma rua que me transportou para a Grécia. Com a pintura toda branquinha, me senti em Santorini. Além disso, a Rua do Céu é bem colorida e virou outro ponto bacana de conhecer.
Ah, existem dois grandes festivais que acontecem anualmente por aqui e que requerem um cuidado mais especial e antecedência de reserva: Festival Gastronômico da Pipa e Festival de Jazz. Eu mesma quero me programar para estar na Pipa em algum deles nos próximos anos.
O que fazer

Praia do Centro – é a praia mais acessível da Pipa. Na maré baixa formam-se piscinas naturais e na maré alta há pouca faixa de areia. É dali que saem as embarcações (barcos ou lanchas) que fazem um tour bem bacana para conhecer as praias da região (custo de R$ 50,00). Recomendo fazer isso no primeiro dia para se familiarizar com as diferentes praias.
Dica Liv: chegando na Praia do Centro, à esquerda você vai ver uma pequena estátua de São Sebastião no meio da areia. Logo em frente à ela tem uma barraquinha bem simples e um vendedor de bebidas com sua caixa de isopor chamado Márcio. Vá até lá, compre uma água ou cerveja e converse com o Márcio. Ele é uma pessoa maravilhosa, de coração gigante e vai te ajudar com o passeio de barco.

Praia do Amor – é uma praia com mais ondas onde geralmente rola surf. Indo da praia do Centro até lá você só conseguirá ir caminhando pela praia se for na maré baixa. A energia do lugar é incrível por conta dos vários bares na beira da praia. Todos lindinhos e com uma pegada bem roots. Na Barraca do Beron havia até uma livraria/biblioteca na beira da praia. Ali também você pode subir até as falésias através de uma escada (com muitos, mas muitos degraus) e chegar no Amô Bar, um restaurante/day use super bacana para passar o dia.
Jeep 4x4 – uma outra forma de se conectar com o local (por terra) é fazer o tour de 4x4. Eles te levam para várias praias e ao Chapadão (um ponto alto em cima de uma falésia).
Santuário Ecológico de Pipa – se você costa de trekking e caminhadas em meio a natureza, é o lugar ideal. Também é super indicado para famílias com crianças, pois possui diversos tipos de trilhas.

Praia dos Golfinhos – é linda e sim, geralmente você consegue visualizar golfinhos por lá. Porém ela só é acessada de barco ou na maré baixa. A sugestão é observar a maré e ir caminhando agradavelmente pela praia.

Praia do Madeiro – não é possível ir a pé nesta praia. É um local de surf mas, dependendo do dia e da maré fica aqui a minha indicação para os que querem se aventurar neste esporte. Lá rolam umas ondinhas boas para quem quer aprender a surfar. Além disso, há professores que cobram por hora e diversos locais para alugar pranchas. Super indico então essa praia para passar o dia, almoçar e quem sabe conhecer um esporte novo?!
Ponta do Pirambu – essa é uma Dica Liv de dois amigos locais. Para aquele dia que você quer ficar de boas, sossegado (a) em um local bacana. Ou até mesmo para aquele dia de ressaca (rsrs). É um restaurante/day use em uma praia entre Pipa e Tibau do Sul. Tem piscina, restaurante e uma estrutura bem bacana e exclusiva.
Lagoa de Guaraíras – todo destino que se preze possui um local especial para ver o pôr do sol. Aqui nesta região esse lugar é uma lagoa em Tibau do Sul, um clássico para o final de tarde. Há alguns restaurantes por ali, como o Cavalo de Fogo.
Gastronomia

- Tapas – gastronomia espanhola. Faça um favor para mim (e para você)! Passe lá e peça o atum selado juntamente com uma maionese de batata doce e wasabi. De comer ajoelhado;
- Trio Restô & Grill – localizado na Rua do Céu, restaurante relativamente novo, excelente atendimento. O camarão na massa folhada é delicioso! Dependendo da época eles tem pratos com polvos inteiros também;
- Chicchetti – gastronomia italiana, decoração cool e moderna;

- Terra Nostra – pela manhã para tomar um café da manhã com pães artesanais e croissants perfeitos. À noite serve massas italianas divinas;
- Calígula Pizzaria – pizzas de massa fininha;
- Armazém Itália – não fica na rua principal, mas é um restaurante de um italiano que faz diariamente as massas. Cuide com o horário pois eles fecham cedo. Ideal para almoçar;
- Gelateria Preciosa – imperdível! O típico gelato italiano (mas com sabores bem brasileiros);
- Bar da Ostra – na Praia do Giz em Tibau do Giz há um local bem (mas bemmm) simples onde o atendimento é feito pelo dono do estabelecimento. Ostras frescas e deliciosas!

Day Use
- Restaurante Amô – na Praia do Amor;
- Ponta do Pirambu – entre Pipa e Tibau do Sul.
Bares animados para a noite
- Nativos Bar – ideal para tomar um drink na rua branquinha;
- Golfinho – música ao vivo;
- Agora – sempre rola uma música ao vivo. O lugar é interessante, mas veja se o ritmo é compatível com o seu gosto musical antes de ir. Em algumas noites há forró e em outras samba ou até música eletrônica. Bem eclético, né? Rsrs;
- Sunset – eu imaginei que aqui era um lugar simples para ir ver o pôr do sol, de biquini mesmo logo depois de pegar uma praia. Mas não! É um bar onde as pessoas vão bem arrumadinhas até (diga-se de banho tomado). Se organiza com antecedência e compre os ingressos antes pois é mais barato. Obs: em dia de semana é mais tranquilo.
Como me senti quando...
...Encontrei dois trabalhadores locais muito especiais.
Já faz tempo que eu considero as pessoas (e não os hotéis ou as praias ou as coisas) o item mais importante de um destino turístico. Por isso as experiências são tão variadas... O que quero dizer é que compartilhar momentos com as pessoas é o que faz as minhas viagens serem reais e valerem a pena.

Certa manhã o Vinícius ficou trabalhando na pousada e eu fui dar uma volta na praia. Parei na barraquinha mais simples, pedi uma cerveja e comecei a conversar com o Márcio, o dono da barraquinha (que consistia em um grande isopor com bebidas dentro e dois guarda-sóis). Fiquei ali mais de uma hora e papo vai, papo vem, o Márcio me contou história dele.
Muita superação e trabalho duro trouxeram ele até este local. Mesmo com tanto sofrimento ele havia comprado este ano o ponto desta barraquinha por R$ 6.000,00. Um superinvestimento que ele espera terminar de pagar no final do verão, se tudo ocorrer bem nas vendas de água, cervejas e coco na beira da praia. Saí dali com o número do telefone dele e com uma nota mental na cabeça: vou dar um jeito de ajudar esse cara.

Fui caminhando até a próxima praia e nesse momento um outro vendedor passou por mim. Um senhor mais velho e de aparência sofrida, de nome Jailson, me ofereceu uma cocada. Eu disse para ele que eu adoraria provar, mas que não tinha dinheiro no momento (a carteira estava com o Vini neste momento). Pedi onde ele estaria no dia seguinte pois eu daria um jeito de encontrá-lo. Ele me disse que no dia seguinte seria sua folga e por isso então ele iria me presentar com a cocada. Eu não sei se eu estava sensível por causa de toda a história do Márcio e estava pensativa sobre as dificuldades desse povo (onde muitas vezes tive a infelicidade de ouvir de conterrâneos gaúchos que no Nordeste não se trabalha ou que o povo é preguiçoso), mas o fato é que aquele pequeno ato mexeu (muito) comigo.
Ele estendeu a mão me entregando a cocada. Eu agradeci e sorri. Ele sorriu de volta, com seus olhinhos brilhantes e alguns dentes faltantes. Esses pequenos encontros mudam algo na gente. Fazem a gente se tornar mais humano e ver além dos arquétipos. E é por isso que eu considero a relação com as pessoas o item mais importante e indispensável nas minhas viagens. Obrigada Marcio (da barraquinha) e Jailson (da cocada), vocês fizeram tudo valer a pena.
Obrigada por nos acompanhar.
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